Dados da Tese de Doutorado

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Autor(a): Andreia Maria da Anunciação Gomes.

Título: Estudo ecofisiológico de cianobactérias formadoras de florações na lagoa de Jacarepaguá.

Ano: 2011.    Texto completo em PDF

Resumo

A lagoa de Jacarepaguá está localizada na costa sul do estado do Rio de Janeiro, na zona metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, Brasil. É uma lagoa rasa, oligohalina que vem sofrendo um intenso processo de eutrofização nas últimas décadas, com ocorrências de florações de cianobactérias reportadas desde a década de 90. Esporadicamente ocorre quebra da dominância das cianobactérias acompanhada de aumento da diversidade fitoplanctônica. Este estudo teve como objetivo avaliar, através de estudo de campo e laboratório, que fatores influenciam a dinâmica fitoplanctônica deste ambiente. Durante um ciclo sazonal (2007-2008), foram monitorados a comunidade fitoplanctônica, e fatores físicos e químicos da água. No período de floração de cianobactérias as espécies de maior contribuição foram Microcystis aeruginosa, Aphanizomenon sp. e Planktothrix sp. Apesar de continuarem dominantes no sistema, uma significativa redução da sua biomassa foi observada no inverno, quando a temperatura da água passou de 30oC (verão) para 18oC. O colapso da floração acarretou na liberação de grande quantidade de nitrogênio, permitindo que outros grupos ocupassem o nicho liberado pelas cianobactérias: entre as diatomáceas Cyclotella sp. e entre as clorofíceas Desmodesmus quadricauda. Em vista destas observações de campo, verificou-se, em laboratório, o efeito da redução de nutrientes sobre a comunidade fitoplanctônica, assim como o efeito da temperatura na competição direta e indireta entre as principais espécies da lagoa de Jacarepaguá. Embora a redução da concentração de nutrientes tenha reduzido a biomassa de cianobactérias, não foi capaz de reduzir sua dominância. Ainda assim, o sistema mais empobrecido favoreceu outros grupos, especialmente diatomáceas. A redução do aporte de fosfato na lagoa de Jacarepaguá poderia recuperar esse sistema. A temperatura pode influenciar no crescimento e substituição de espécies fitoplactônicas. Em laboratório, estabelecemos as melhores temperaturas para o crescimento de P. agardhii (27oC), C. xi meneghiniana (18 e 21oC), D. quadricauda (18 e 30oC) e M. aeruginosa, (todas as testadas entre 18 e 30oC). Nos experimentos de competição direta em cultivos mistos, M. aeruginosa foi melhor competidora do que as demais em ambas as temperaturas testadas (18 e 30oC). Nos cultivos com exudatos observamos diferentes respostas alelopáticas (inibição ou estímulo do crescimento) de acordo com a temperatura. Observando a dinâmica da comunidade na lagoa, M. aeruginosa é favorecida nos períodos de temperaturas mais elevadas. Nos cultivos, os exudatos das suas competidoras estimularam seu crescimento a 30oC, mas não a 18oC. A adaptação de uma cepa a uma certa temperatura determina não só sua vulnerabilidade a compostos alelopáticos, como sua capacidade de expressá-los. Por fim, é difícil apontar um fator determinante para a ocorrência de florações de cianobactérias na lagoa de Jacarepaguá. Um sinergismo de fatores ambientais e biológicos aliados a própria fisiologia das espécies presentes irão determinar a dinâmica da comunidade fitoplanctônica neste sistema.

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