Autor(a): Raquel Moraes Soares.
Título: Aspectos da biodistribuição e efeitos de microcistinas (Hepatotoxinas de cianobactérias) em mamíferos.
Ano: 2005. Texto completo em PDF
Resumo
Microcistinas (MCYST) são as toxinas de cianobactérias mais frequentemente encontradas em florações destes microrganismos. Estes heptapeptídeos são potentes inibidores de proteínas fosfatases 1 e 2A e atingem preferencialmente o fígado nos animais vertebrados. O objetivo deste trabalho foi contribuir para a elucidação dos processos de acúmulo e redistribuição de microcistinas, tanto em animais como em seres humanos que sofreram exposição a estas toxinas. Além disso, pretendemos analisar seus efeitos no fígado e pulmão de camundongos, através de experimentos onde foram utilizadas doses sub-letais. Os resultados demonstraram que microcistinas foram capazes de prejudicar a fisiologia do fígado e do pulmão tanto em animais jovens quanto adultos. No entanto, os fígados dos animais adultos apresentaram sinais de recuperação, uma vez que a atividade fosfatásica e a concentração de glutationa retornaram aos níveis dos controles. No pulmão, MCYSTs causaram um processo inflamatório agudo, caracterizado pela infiltração de células polimorfonucleares e edema. O colapso alveolar também foi verificado, assim como aumento nas pressões resistivas e elastâncias do pulmão, indicando prejuízo à mecânica respiratória. Os resultados dos estudos com soro indicaram que microcistinas podem recircular no organismo por um longo período. Essas toxinas foram detectadas durante 2 meses no soro de pacientes que foram expostos a estas moléculas através de hemodiálise no HUCFF-UFRJ. Portanto, este estudo contribuiu para ressaltar a necessidade do monitoramento e controle de florações de cianobactérias em corpos d’água utilizados tanto para recreação quanto abastecimento da população, uma vez que esta questão é de importância crucial para a saúde pública.