Dados da Tese de Doutorado

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Autor(a): Patrícia Domingos.

Título: Dominância de cianobactérias produtoras de microcistinas na Lagoa de Jacarepaguá, RJ.

Ano: 2001.    Texto completo em PDF

Resumo

A comunidade fitoplanctônica e a ocorrência de florações de cianobactérias tóxicas na Lagoa de Jacarepaguá (RJ) foram estudadas a partir de urna abordagem ambiental e experimental. A Lagoa de Jacarepaguá é oligohalina (O a 10S), rasa e vem recebendo efluentes domésticos e industriais intensificados nas duas últimas décadas, tornando-se hipereutrófíca (136 µg. L-1 média anual de clorofila a). Realizou-se estudo de um ciclo anual (08/96 a 09/97) com amostragens quinzenais em três estações de coleta, Desde o início do estudo até o final da primavera (11/96) a comunidade fitoplanctônica foi dominada por clorofíceas, sobretudo Chlorococcales (61%), sendo substituídas por cianobactérias (87%), principalmente Microcystis aeruginosa, que se tornou a espécie dominante pelo restante do período estudado, A biomassa de clorofíceas esteve associada positivamente com as concentrações de nitrato (r= 0,72), fosfato (r= 0,55) e com a profundidade da lagoa (r= 090) e negativamente com salinidade (r= -0,41), temperatura (r= -0,31) e concentração de amónia (r=-0,33), já a biomassa de cianobactérias esteve diretamente relacionada à salinidade (r= 0,59), concentração de amónia (r= 0,42) e inversamente à transparência da água (r= -0,40) e temperatura (r= -0,30). Análises por HPLC demonstraram a presença de microcistinas (MC), heptapeptídeos cíclicos hepatotóxícos em todas as amostras do séston, após o surgimento de M aeruginosa (0,8 a 979,2 ug.L-1 ), mas não na água. A biomassa de M aeruginosa, a concentração de MC no séston e a quota celular de microcistina (MC/célula de M aeruginosa) foram mais elevadas na estação 3 (Arroio Pavuna), região que recebe a maior quantidade de efluentes com carga poluente. As variáveis ambientais que se relacionaram ao sucesso de M aeruginosa na lagoa foram salinidade (r= 0,58) e concentração de amónia (r= 0,41). A salinidade demonstrou ser um fator importante para explicar o sucesso de cianobactérias nesse ambiente. Por outro lado, experimentos realizados em diferentes condições de salinidade (0, 2,5 e 10S) para testar o crescimento e produção de microcistinas por M aeruginosa (cepa NPLJ-36) revelaram que a salinidade não trouxe beneficio direto à cianobactéria. Resultados de cultivos realizados em presença e ausência de Eichhornia crassipes, macrófita abundante na lagoa, indicaram que há uma competição entre essas duas comunidades pelos recursos do meio e que o aumento de salinidade afetou principalmente a macrófita, eliminando-a e trazendo um beneficio indireto para a comunidade de cianobactérias. Os valores intermediários de salinidade testados (2S e 5S) foram os de maior produção de microcistinas, apontando para o risco de ocorrência das florações de M aeruginosa no ambiente estudado, onde esses são os valores de salinidade mais frequentes. As constantes flutuações de salinidade às quais a lagoa está sujeita oferecem um risco de proporcionar maior biomassa de cianobactérias e, em consequência, maior concentração de microcistinas, trazendo sérios problemas à saúde pública, em virtude do uso para a pesca e atividades de lazer desse ambiente.

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