Dados da dissertação de mestrado

Autora: Priscila Rodrigues Koschek

Título: Interação entre Monoraphidium e Microcystis crescidas em meio com matéria orgânica excretada e em cultivo misto

Ano: 2008.        Texto completo em PDF

Resumo:

Interação entre Microcystis e Monoraphidium crescidas em meio com matéria orgânica excretada e em cultivo misto A comunicação inter-específica pode ter um papel importante no crescimento dos organismos fitoplanctônicos e também na produção de toxinas pelas cianobactérias. Estas são freqüentemente encontradas como grupo dominante devido ao crescente processo de eutrofização nos ambientes aquáticos. No Reservatório do Funil (Resende-RJ), dados de pelo menos uma década já demonstraram que mais de 90% da biomassa fitoplanctônica pode ser composta pelo grupo das cianobactérias, das quais Microcystis é um dos principais gêneros dominantes. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo investigar a interação entre uma cepa da clorofícea Monoraphidium, isolada desse ambiente, e quatro cepas de Microcystis. Para isso foram realizados cultivos utilizando meio com matéria orgânica excretada (exudato) de culturas monoespecíficas ou de cultivos mistos em diferentes concentrações. Foram realizados cultivos mistos entre a clorofícea e uma cepa de Microcystis tóxica (MIRF-01), isolada do mesmo reservatório, ou outra cepa de Microcystis não tóxica (MICD-01), isolada de outro ambiente. O estado fisiológico foi acompanhado pela contagem de células e análise de clorofila a. A produção de microcistinas foi analisada pela técnica de HPLC. Os dados obtidos mostraram que o exudato de Microcystis não teve efeito inibitório sobre o crescimento de Monoraphidium com aeração, exceto na concentração de 10% no caso do exudato de uma dentre duas cepas testadas de Microcystis. Já em cultivos sem aeração, o crescimento de Monoraphidium foi estimulado pelo exudato (50%) de uma cepa de Microcystis, MIRF-01, dentre três cepas testadas. Esse efeito foi acompanhado de redução de concentração de clorofila a. A adição de exudato de culturas de Monoraphidium induziu o crescimento de uma dentre duas cepas de Microcystis testadas, sem alterar clorofila a. Em cultivo misto, tanto Monoraphidium quanto Microcystis apresentaram menor crescimento que em cultivos monoespecíficos e a clorofícea obteve melhor crescimento com a cepa de Microcystis MIRF-01 do que com a cepa MICD-01. Na presença de 100% do exudato de cultivo misto inoculado com 70% de Monoraphidium e 30% de Microcystis ocorreu inibição do crescimento de Monoraphidium e redução de clorofila a, caracterizando clorose ao final do cultivo (6 dias). No caso de Microcystis a adição de 50% deste exudato tendeu a inibir o crescimento, sem variação de clorofila a. A concentração de microcistinas não se alterou em cultivo misto com Monoraphidium, mas aumentou utilizando-se exudato de cultivos monoespecíficos de Monoraphidium e de cultivos mistos em que Monoraphidium predominava. Embora a função das microcistinas nesta interação ainda não esteja clara, o estudo contribui para reforçar a importância de infoquímicos na produção dessa cianotoxina. Portanto, os dados mostram que a produção de matéria orgânica excretada por essas espécies varia em função das condições de crescimento. Além disso, pode ter um papel controlador sobre o metabolismo dessas espécies a nível inter-específico e possivelmente intra-específico.

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