Autora: Maria Isabel de Almeida Rocha.
Título: Estudo da variação sazonal do fitoplâncton e zooplâncton e da concentração de microcistinas nesses dois níveis tróficos no Reservatório do Funil (Resende-RJ).
Ano: 2007. Texto completo em PDF
Resumo:
O aporte de nutrientes em lagos e reservatórios têm acelerado o processo de eutrofização que, em conjunto com fatores ambientais, criam condições adequadas para florações de cianobactérias. Nesse aspecto, o Reservatório do Funil, que fica localizado entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, formado pelo Rio Paraíba do Sul, região industrial e agrícola, possui características propícias para estas florações potencialmente tóxicas. Por esse motivo, o objetivo deste trabalho foi caracterizar limnologicamente, em termos gerais, o reservatório e avaliar a ocorrência e transferência de microcistinas na comunidade fitoplanctônica e zooplanctônica deste reservatório, considerando aspectos referentes à composição e variação destas comunidades. Mensalmente, ao longo de dois anos consecutivos, as comunidades fitoplanctônica e zooplanctônica foram determinadas e quantificadas. O fitoplâncton e o zooplâncton foram previamente separados e liofilizados e, para a extração de microcistinas, foi utilizado metanol acidificado. O extrato foi purificado e analisado por ELISA. Como resultados das análises físicas e químicas ficou demonstrado que a temperatura da água variou aproximadamente de 20 a 30ºC, o pH teve características neutroalcalinas, a concentração média de oxigênio dissolvido foi de 6,82mg.L-1 e a condutividade média da água foi de 96,9μS.cm-1. Esses valores, juntamente com elevados valores de nutrientes que chegam ao Reservatório do Funil, dão condições adequadas a formação de florações de cianobactérias, o que provoca redução na transparência da água. A comunidade fitoplanctônica foi dominada por cianobactérias, atingindo mais de 90% da densidade em quase todos os meses de estudo. O gênero predominante foi Microcystis, tanto em formas coloniais como unicelulares. O zooplâncton variou mensalmente em densidade e composição de espécies, sendo o grupo dos copépodos com as maiores densidades e o dos rotíferos o grupo que contribuiu com maior variedade de espécies. As populações de cladóceros foram bastante reduzidas, tendo destaque os de menor porte. Estas alterações na comunidade zooplanctônicas podem estar associadas à presença constante de florações de cianobactérias, favorecendo espécies que já estejam adaptadas a sobreviverem nestas condições. Em todos os meses foram encontradas concentrações de microcistinas no fitoplâncton, atingindo máximo de 3789 μg.g-1, em dezembro de 2004. Essas microcistinas foram transferidas para o zooplâncton, com valores chegando a aproximadamente duas ordens de grandeza inferiores ao do fitoplâncton, com máximo de 63,15 μg.g-1, em outubro de 2004. De acordo com os resultados obtidos para a concentração de microcistinas, observou-se três fases distintas: a primeira com baixa concentração de microcistinas e baixa densidade fitoplanctônica; a segunda fase com variação na concentração de microcistinas e variação na densidade populacional de Microcystis e a terceira fase com concentração de microcistinas próxima ao da primeira fase, mas com densidade populacional fitoplanctônica elevada, indicando, provavelmente, ter ocorrido três grupos populacionais distintos. Além destas conclusões, considera-se ainda que a comunidade zooplanctônica do Reservatório do Funil não pode ser considerada um bom vetor de microcistinas para níveis tróficos superiores.