Autora: Ana Cláudia Pimentel de Oliveira
Título: Estudo ecofisiológico de Synechocystis aquatilis f. aquatilis (Cyanophyceae) e produção de microcistina em cultivos unialgais e mistos.
Ano: 1997. Texto completo em PDF
Resumo:
A ocorrência de 'blooms' tóxicos de cianofíceas em lagos eutróficos, rios e reservatórios têm sido frequente. As toxinas de cianofíceas podem causar envenenamento de mamíferos, aves, peixes e efeitos diversos na saúde pública. As hepatotoxinas são as toxinas mais comum produzidas pelas cianofíceas, e têm recebido uma maior atenção devido a sua atividade biológica e ampla distribuição. Entretanto, os mecanismos controladores dessas cianotoxinas ainda não foram devidamente esclarecidos, embora já existam evidências da dependência de fatores nutricionais para a estimulação do crescimento e da síntese dessas hepatotoxinas. Estudos prévios com a cepa (NPBS-2) da espécie Synechocystis aquatilis f aquatilis demonstraram que essa cepa presentava um alto grau de hepatotoxicidade quando crescida em cultivos mistos com a clorofícea Monorraphydium convolutuln. Em vista de tal fato, realizaram-se experimentos com cultivos unialgais e mistos com as espécies citadas acima, visando compreender quais os possíveis fatores que poderiam estar estimulando a produção de microcistina pela espécie S. aquatilis f aquatilis. Para tanto foram realizados cultivos das espécies nos meios padrões: ASM-I e Z-8 e em meios modificados chamados por nós de 'Especial' e 'Reconstituído'. Nesses meios a composição nutricional foi diferenciada dos meios padrões de cultivo utilizados. Durante os experimentos, acompanhamos o estado fisiológico das culturas através da contagem de células e por análises de clorofila-a, carboidratos e proteínas intra e extracelulares. A variação de produção de microcistina foi avaliada por bioensaios com camundongos, imunoensaios e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC). Os cultivos realizados em meio Z-8, que apresenta em sua composição uma concentração de nitrato 3 vezes maior que no meio ASM-I, apresentaram um bom crescimento celular. No entanto, nesse meio de cultivo as células crescidas em condições unialgais e mistas não se mostraram tóxicas. Já os cultivos mistos realizados em meio ASM-l apresentaram uma alta toxicidade. A composição química dos nutrientes dos meios de cultivos utilizados alterou significativamente a taxa de crescimento de ambas as espécies crescidas em cultivos unialgais e mistos. A produção de microcistinas também variou nessas diferentes condições de cultivo. Os cromatogramas obtidos por HPLC evidenciaram que as células de S. aquatilis f aquatilis crescidas com proporções diferentes de M. convolutum apresentaram uma variação quali-quantitativa na produção de microcistinas. Portanto, devemos considerar que além dos fatores físicos e químicos, já determinados em outros trabalhos, o crescimento celular das cianofíceas e a produção de microcistinas por esses organismos podem ser afetados por fatores biológicos associados a relações interespecíficas.